quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Legião Urbana - Eduardo e Mônica, Uma Análise Psico-Neurótica

Dizer que sua perspectiva de mundo muda radicalmente depois que se começa a estudar psicologia é um grande clichê. Mas é sempre engraçado quando você se depara aplicando conhecimento psicológico a comportamentos que, outrora, passariam desapercebidos do crivo científico.
Outro dia eu fiquei "mentalmente" escutando uma música do Falamansa chamada Zeca Violeiro. Pra quem nunca ouviu por que torce o nariz pra forró universitário como é o caso do Alemão (aliás, eu queria saber pra que coisa o Alemão não torce o nariz), eis a letra:

Zeca Violeiro
Falamansa


Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer

Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
O seu irmão cabra macho forasteiro
Tomou três tiros no peito porque sabia viver
Zeca sabia todo mundo morre um dia
Quase sempre ele dizia:
-Antes todos do que eu!
Zeca Violeiro, Zeca Violeiro, Zeca Violeiro
Ôlelê, Zeca Violeiro
Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
Zeca morava dentro de um carro forte
Não brincava com a sorte
Queria sobreviver
Se alimentava na base do natural
E como era prevenido
Tinha um quarto no hospital
Zeca Violeiro, Zeca Violeiro, Zeca Violeiro
Ôlelê, Zeca Violeiro
Zeca violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
Zeca violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer
Morreu juiz, prostituta, vagabundo
Zeca sozinho no mundo aprendeu sua lição
Das mortes todas a de Zeca foi a pior
Porque Zeca morreu de solidão
Zeca Violeiro, Zeca Violeiro, Zeca Violeiro
Ôlelê, Zeca Violeiro.

Eu ouvi essa música pela primeira vez quando eu tinha uns 12 anos, mais ou menos. Naquela época, eu prestava mais atenção na minha vizinha da frente, que ainda era gostosa. Ela gostava de por esses forrozinhos e ficar dançando na varanda da casa com um parceiro invisível enquanto eu a espiava da calçada. Hoje eu ouço essa música e a primeira coisa que me vem à cabeça não é mais a Rose, que agora tem um filho e está gorda, baixinha e baranga. A primeira coisa que eu penso é em Reforço Negativo.
O Zeca Violeiro passou por uma experiência traumática (O seu irmão cabra macho forasteiro, tomou três tiros no peito porque sabia viver) e desde então passou a se comportar de modo a evitar quaisquer estímulos que, pelo menos, evoquem a idéia de morte. (Zeca Violeiro não fazia o que queria tinha medo de morrer)
A neurose de Zeca acabou fazendo com que ele se afastasse do contato social e não desenvolvesse relacionamentos afetivos. A vida de Zeca passou a ser caracterizada por contingências que envolviam comportamentos de fuga e esquiva. No final, Zeca inevitavelmente teve que enfrentar o estímulo aversivo que mais temia. E como todo ser vivo nesse planeta foi vencido por ele. Da pior forma.
Bom, mas por que eu fiz essa análise? O meu amigo Irmão Urso me passou um link muito interessante de um cara que fez uma obra de arte destrinchando os traços de personalidade dos dois "eus líricos" da canção de Renato Russo. Depois de ler o texto, a minha primeira reação foi simbólicamente nomear o autor como Membro Honorário do Confraria pois, em sua análise, ele deixa claro o que cada macho deste blog tem tentado dizer desde a fundação deste sítio. Muito embora o Mestre Wilson ainda seja o nosso mentor e modelo, o senhor Adolar Gangorra merece nossa especial homenagem pela bravíssima defesa do gênero masculino.
Por favor, leiam até o final. Tenho absoluta certeza de que vocês não vão se arrepender.

Legião Urbana - Eduardo e Mônica, Uma Análise Psico-Neurótica

3 comentários:

Anônimo disse...

bem bacana.
eu, quando li a musica, que nao me lembro de ja ter ouvido, me veio na mente que no final das contas ele foi o unico que nao viveu. ate hoje eu procuro uma definição para 'viver'. e ate hoje nao achei. nao sei se é respirar, se seria o coração bater. ou se seria andar por ai tendo experiencias novas e curtindo.. enfim...

vou ler o do eduardo e monica.

Davi Rômulo disse...

hahahahahahaha...
Este senhor Adolar foi mesmo muito fera na análise que fez da música. O texto dele é um 'Manifesto'; tá 100% apoiado! hehehehe
Quanto ao Zeca Violeiro, você foi certeiro: insociabilidade, fuga, esquiva.
Valeu

Marília Gabriela disse...

só pra constar q eu li o texto!
bjos