sexta-feira, 21 de março de 2008

Stand By Me



"When the night has come

And the land is dark
And the moon is the only light we'll see
No, I won't be afraid
No, I won't be afraid
Just as long as you stand
Stand by me".

Ontem a noite o sono demorou pra chegar. Sei lá, eu estava com um aperto na garganta que me fazia rolar na cama. Eram por volta de duas da manhã quando decidi assistir televisão pra ver se o João Pestana finalmente aparecia. Todo mundo já deve ter ido pra frente da televisão e acionado o Sleep em uma hora, mais ou menos, como estratégia contra a insônia.
Me levantei arrastando o edredon para a sala, liguei o aparelho num volume que não atrapalhasse o sono de quem conseguia dormir, ajustei o cronômetro de auto-desligar para dali a uma hora e dei um sorriso com o canto da boca quando vi o que passava na telinha. Eu perdi a conta de quantas vezes já tinha visto aquele filme na Sessão da Tarde. Lá estavam meus quatro heróis planejando a viagem de dois dias em busca do corpo de um garoto que tinha desaparecido na floresta enquanto fumavam cigarro escondido.



Eu nunca entendi muito bem o que me levava a gostar tanto desse filme a ponto de não perder sequer uma reprise. Com o tempo eu percebi que a razão estava no fato de que eu podia identificar muitos aspectos da minha própria vida no drama daqueles moleques. Essa relação personagem-pessoa real é sempre algo que fascina. Intriga. O objetivo deles era encontrar o corpo de um garoto desaparecido (The Body é a novela de Stephen King que inspirou o filme) e no percurso fizeram uma viagem de auto-descoberta marcada sobretudo pela amizade juvenil. Acho que é precisamente essa parte que mais me toca. Tive grandes amigos na infância. Algum tempo atrás comecei a escrever um romance em homenagem a um deles que provavelmente eu nunca mais vou ver. Só consegui terminar três capítulos que se perderam quando tive que reformatar o meu computador. E acabei perdendo também a motivação para começar tudo de novo.
O nome dele é Marcos. Tinha uma história triste e complicada. Seu pai juntou-se com a mãe de um outro amigo, o Fabrício. Levou algum tempo até que eu descobrisse que eles não eram consanguíneos tal era a empatia entre os dois. Eu os conheci no Clube de Desbravadores. Eu contava uns onze anos e era a personificação da vergonha. Provavelmente foi a minha timidez que mais me ligou a ele. Às vezes parecia que ele tinha me adotado como um irmão mais novo. Me dava conselhos, me colocava no time, me apresentou pra minha primeira namorada, dentre outras coisas que tornam verdadeiro o provérbio de Salomão.

"Um homem que tem muitos amigos pode congratular-se. Mas há amigo mais chegado que um irmão".

No fim do filme, nas considerações finais do escritor, aparecem as palavras que para mim resumem todo o espírito da história. Algo que o Davi uma vez chamou aqui no Confraria de Tragicidade das Relações Humanas.

"Com o tempo Vern e Teddy se tornaram apenas figuras que eventualmente eu encontrava nos corredores da escola. Isso acontece às vezes. Amigos entram e saem de nossas vidas como garçons num restaurante".

Aconteceu o mesmo com o Marcos e com outros tantos amigos. O pai dele se separou da mãe do Fabrício e o Marcos decidiu ir procurar a mãe que morava em algum lugar no Pará. Soube depois que ele conseguiu encontrá-la trabalhando num bordel. E depois não tive mais notícias dele.

"Nunca mais tive amigos como os que eu tive quando tinha doze anos.
Meu Deus! E alguém tem"?

3 comentários:

Anônimo disse...

tá muito criativo hein!

eu não tenho os mesmos amigos, até pq não quero analisar q tipo de amizade eram aquelas no fim das contas, mas hoje sei que tenho tu! :D

tem uns filmes desses q gosto tb. eu curto "namorada de aluguel" que tem a música "can't by me love" dos beatles de música tema e claro... Ferris Buller (Curtindo a Vida Adoidado)

Brain disse...

Como diz a Kaká:
-Nhou xD
Eu também sei que tenho tu!

Tiago Lino da Silva disse...

POXA ESSE POST É MESMO SURPREENDENTE,E TENHO DE CONCORDAR, OS TEMPOS PASSAM E OS BONS AMIGOS SE VÃO REALMENTE COMO GARÇONS, E NÓS NÃO LIGAMOS PRA ISSO...TROCAMOS DE AMIGOS COM TROCAMOS DE ROUPAS..É SIMPLESMENTE ASSIM,E ENFIM..OS ENCONTROS COM ESSES BONS AMIGOS DOS "12 ANOS" É TÃO RAPIDO QUE NOS DAMOS CONTA DA IMPORTÂNCIA DELES NOS TEMPOS PASSADOS...

"COMO A HISTORIA DO POST FALA, CADA UM FOI PRA O SEU CANTO, E RARAMENTE SE ENCONTRAM E MAIS RARO AINDA É A IMPORTÂNCIA QUE DÃO ÀS AMIZADES ANTIGAS.."

SAAAAAALVE E T++