Explicação da piada nº2: 12:30 o policial fez um gesto engraçado pra mostrar onde eu deveria parar e me cumprimenta com "Bom dia Senhor" para pedir os documentos. O cara estava realmente trabalhando, e muito puto provavelmente a esta hora.
Passada essa risadinha inicial, entreguei os documentos e aguardei sua "averiguação nos documento" pensando: putz, tomei uma multa a pouco mais de uma mês por causa de uma lâmpada safada que queimou na viagem de comemoração do meu aniversário. Só falta esse safado pedir pra eu sair e encrencar com o extintor. Que bosta! Quem vai pensar no extintor quando alguém estiver roubando o seu carro, estiver te roubando dentro do carro ou até mesmo se o carro capotar e começar a pegar fogo? Cada coisa idiota que a gente tem que engolir como lei.
Depois do "medo, cagaço e amarelão" de pensar em ter que amargar em, por baixo, R$150 mais uns 3 pontos na carteira, o policial simplesmente vira pra mim e diz: "Bem Senhor, esta tudo certo. Tenha um bom dia!"
Mas ele não disse isso com altruísmo de uma polícial que vê um cidadão honesto, digno, que paga a merda do IPVA, seguro DPVAT (pra que esta merda?) e o licenciamento (e essa então? já não basta o IPVA e o seguro DPVAT?) e se sente orgulhoso de ver que a sociedade, e porque não a humanidade, tem "jeito", diferente do "jeitinho brasileiro" (isso deveria ter me acontecido antes da prova do Moreno por Eveline). Não. Ele não me liberou satisfeito, de bom grado. Nada disso.
Eu vi o desapontamento nos olhos dele. Eu via tristeza na face de uma pessoa, às 12:30 mais ou menos, trabalhando e não tendo resultado nenhum com isso. Eu vi a mesma frustração que alguns passaram, passam ou passarão no exercício de nossa profissão ou no exercício para nossa futura profissão.
Foi isso que eu vi.
Eu ainda tentei reparar o mal que havia feito oferecendo uma olhada na caçamba. Mas não; o policial estava desolado de mais.
Seguindo o lema que um filósofo contemporâneo disse certa vez "a gente não pode dar mole para o azar", liguei o carro e fui embora, mas se fosse a policial aí de baixo eu certamente teria oferecido o extintor só pra alongar a conversa e deixar o "jeitinho" falar por si.
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