sexta-feira, 2 de novembro de 2007

contos diversos III



I - Velhice

Estamos ficando velhos. e isso não é algo que seja perceptível apenas no espelho, no cabelo branco ou na dor nas costas e ao estalar das juntas.
Tudo mudou, as metas, que deixam de ser: acabar a 5ª série, ou chegar ao 2º grau. Ou nos hábitos. Eu não sento mais em um banco de shopping, olho pros casais e comento com os amigos que "um dia, nós que teremos namorada". Os meus 13 anos já se foram. E agora quando eu lembro deles, eu percebo que já faz um tempo que essa idade passou.

Mas tudo passa lento, devagar, imperceptível. A emoção de sair do colégio e entrar na faculdade é tão mínima que tirou meu sono só durante uma noite. E o curso anda lento. Durante o primeiro semestre sempre me perguntavam "Como está o curso?" e eu pensava "deve estar bem, com tantas introduções à outras coisas, deve estar sim!" mas responde "bem..".

Antes o vizinho andava de skate na porta da sua casa, batia a bola no seu carro e todo dia o alarme disparava, só pra encher o saco. O outro, putão, tocava bateria o dia inteiro, e esse nem sei mais se existe. Agora um dos meus amigos quer ser juíz, o outro promotor e tem o Luquinhas que já está até morando sozinho!!! Eu também não preciso mais ligar pro meu pai pra ele me buscar no shopping ou ligar para o tio Marco porque a festa acabou num sábado de madrugada.

Agora saímos sós e pagamos a conta.

E um desses dias que eu fiz mais uma retrô da minha vida, lembrei de quando eu era pequeno e minha mãe queria armar um barraco em algum restaurante pelo mal-atendimento e eu sentia uma vergonha danada e uma vontade de ir embora, me esconder. Hoje em dia quem me faz passar vergonha são meus amigos, reclamando dos 10% do bar, ou mostrando ao mundo a poderosa habilidade de saber gritar em público, D.R.² no meio do bar com o namorado, e aí se você pede pra falar mais baixo, a situação piora com algum grito de "que é? eu falo alto onde eu quiser!" e aí você entra debaixo da mesa e não sai de lá até o sol nascer.

e aí tudo que seu pai ou tio já falou algum dia e você reprovou, passa a seguir. Apesar de antes, ignorar muito pelo fato daquilo tirar sua ilusão de que o mundo é bonito.

também sinto a idade nas vezes que acordo durante a noite. isso responde algumas perguntas.

Rogers¹ - fazendo campanha de conversão.
D.R.² - sigla de Discutindo o Relacionamento.


II - Carteira de trabalho

Certo dia fui fazer a minha carteira de trabalho na rodoviária, o meu estágio exigira. Era uma segunda-feira de manhã.

Voltei em casa, fruto da decepção de não poder usar a carteira de motorista no lugar da identidade, lenda urbana que sempre foi verdadeira em episódios anteriores da minha vida.

Ao retornar ao local, fiquei impressionado com a velocidade do atendimento, em menos de 5 minutos após eu ter chegado lá, veria que já estaria me comunicando com a minha mãe para saber onde ela estava. E mais tarde descobriria que ficaria as próximas 2 horas esperando ela na frente de uma loja no shopping.
Mas o que iria me impressionar estaria ali, entre aqueles poucos minutos que permaneci lá dentro do “Na Hora” (nome do lugar).

Ao sentar a frente de uma senhora muito simpática, fui ouvinte de uma conversa muito interessante entre a mesma e o atendente ao lado. O rapaz ao lado que começou:

- Que pena que o final de semana acabou.

- Foi bom o seu final de semana?

- Foi ótimo, mas gostaria que já fosse sexta-feira.

- Por que?

- Pra curtir, ué. Sair, por mim a semana passaria mais rápido.

E foi aí que veio a lição de moral da senhora simpática, enquanto grampeava papéis que logo em seguida formariam a minha carteira de trabalho.

- Pra que a pressa? Querendo viver os finais de semana? Cada dia que passa, você mais velho fica. Viva cada dia, aproveite. Não fique aí só esperando o final de semana chegar. Pois é sempre um dia a mais e um dia a menos.


III - Sentir-se bem

sentir-se bem.
é sobre isso que falamos a respeito.
apesar de toda a introspecção, todo o orgulho, egoísmo e preconceito do nosso dia-a-dia.
a vida deveria falar disso.
se sentir bem.

teste

IV - Golfando

Quanto mais chafurdo na bosta mais vontade tenho de vomitar.

Quanto mais abertos meus olhos ficam, menos eu quero enxergar.

O mais fundo que respiro, mais sem ar eu me sinto.

Ninguém se salva.

OBS.: Atualizando pra dizer que não morri. Todos os textos acima eram rascunhos que estavam salvos na confraria e não estavam publicados. Tenho algumas idéias, mas nada concreto pra confraria por enquanto.



2 comentários:

Paskyn disse...

Desconcertante.
Mas eu preciso ler de novo. Tem alguma coisa que eu "peguei" do que você disse ,as que eu não consigo expressar.
Tenho que ler de novo.

Marília Gabriela disse...

nem comentou q tinha atualizado o blog hein!!! consideração, hehehe.

è...seu texto sobre a velhice é a mais pura verdade. Mais ou menos assim q me sinto. Ha alguns anos pensaria se daria conta de estudar e trabalhar. E olha só hoje, só trabalho. Dá saudade desse tempo de faculdade, de passar tarde em shopping...como disse a senhorinha. Viver um dia de cada de vez, pois a cada dia q passa é um dia a menos. e não aproveitar tudo por um simples cansaço, é como nao ter vivido.
bjokas