Um Cachorro Bravo escreve:
Em noite quente tentam entender um ao outro
Discutem, interpelam, olham-se descrentes
Ela parece não ter interesse
Ele quer provar conclusões
A noite quente envolve
Bebem, mas não se embriagam
Prezam a sobriedade nessa disputa
Razões vão à mesa como acompanhamento do prato principal
Por fim deixam o silêncio falar
Esse é o juiz que decidirá se o ar será constrangedor
Ele se desculpa,
Depois de olhar para o nada por alguns instantes
Não quer forçá-la a nada
Ela lhe beija a face,
Depois de ver ternura nos olhos dele
Ela não quer laços
Finalmente eles têm algo em comum
Saem
Ele acredita que é o fim,
Mas fica na sala até o último crédito aparecer
Ela não quer magoá-lo,
Mas insiste em dizer que o ama de alguma forma
-Não vou te dar nem um beijo de despedida.
-É impossível sentir o gosto do seu desprezo pela pele do meu rosto.
-Não é seu rosto que eu quero beijar.
O encontro dos lábios é súbito, atrapalhado, áspero
O gosto lembra a primeira vez
A Lua é testemunha lívida,
Do encontro das carnes morenas
No leito, a respiração ofegante
A música doce e rouca parece diluir a esqualidez do ar
Enfim, silêncio
Enfim. É o fim?
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