Somos condicionados a uma ‘estrutura simbólica’ que domina nossa interação com as outras pessoas. Quem são os condicionadores, «eu» ou «outros»? Os dois. «Eu»: busca de meu ‘eu’, por meu lugar no mundo, por minha responsabilidade, por reconhecimento, tentativa de transpor a necessidade pela liberdade, frustrado, ansioso, volitivo, racional, efêmero, fragmentado, etc; «outros»: indiferença, imposição ideológica, dominação das ‘estruturas simbólicas’, banalização do erótico, promessas de eternidade – amor – fama – sucesso – vigor – igualdade – superioridade – sexo – amizade – companheirismo – proximidade – confraternidade..., etc. No fim das contas: por um lado, deixo-me envolver pelo ‘simbólico’, já que assim sinto-me firme, consolado, apoiado; por outro lado, o ‘simbólico’ seduz-me, pois desejo ‘ser’ tal qual é-me oferecido.
Perambular freneticamente pela “aparência” é o que nos condiciona. A vontade de ser/ter “tudo”, e sempre, só manifesta a nossa finitude. E esse “tudo” não é senão “aparência”. Não que eu esteja categorizando “real” e “aparente”; falo da e pela “vida” temporal. Não nos enganemos, não seremos de “todas” as maneiras. Apresentamo-nos de muitos modos, transpomos a imediatidade individual, somos possíveis «existencialmente», todavia, no tempo presente. Ser “herói” (seja do pensamento, da luta, da salvação, da redenção, do sexo, da cura, da invenção, etc.) , como na antiguidade-atual, pode dar-lhe fama de longa data, porém, fisicamente não mais sentirá o calor do presente. É mortal saber disso, mas quem leva isso em conta? Afinal, se pensamos/agimos no agora sem perspectiva duma mudança futura, o que fazemos?
Transpor o «desígnio» para o próprio «destino» é tarefa que nos impomos inexoravelmente. Queremos realizar a reconciliação do «destino» com a «vida». Almejamos viver não de maneira necessária, causal, mas de modo «excedente», autêntico – desde que seja de mentira bem vista e contada. Isso não vem a dizer que “podemos” fazer de um “tudo”. O “tudo”, já foi dito, não “é”; não é possível; não é realizável no tempo da vida. Saudemos o que se será, já que o que se é, é apenas o que somos.
3 comentários:
de fuder Davi. O fato do alcool estar no organizmo nao afetou muito, nao muito alem de eu escrever organismo com Z.
ih....
Mas afetou o suficiente pro embriagado do Davi escrever "ancioso" na sexta linha.
No mais, já era meu cumpadi. Eu não sei quando foi que de repente a vida passou a ter gosto de isopor e cor pastel.
e pro resto que eu não pesquei fica a imagem do meu rosto com uma expressão vegetal, "babante" e exclamando:
-Dãããããã!!!!!!!!!
Sempre há algo a se corrigir. Apesar do horário da postagem, não mereço nenhum desconto. O que tu deves fazer, Hammurabi, é contratar logo a prometida estagiária; ela também pode revisar os textos, além de publicar.
Valeu pela correção.
De resto, vejo que os fragmentos que publico por aqui não são “bem recebidos”. «Ah, lá vem este cara com esse palavreado pseudo-intelectual. Escreve um monte de coisas e não diz nada pra mim». Sei que minha linguagem é demasiadamente idiossincrática. E isso não pode ser doutro modo, já que essa linguagem é veículo de auto-afirmação duma momentânea identidade. Às vezes, pergunto-me: escrevo-penso para mim mesmo? Há/haverá leitores destas palavras inconvenientes? Há/haverá alguém que se possa compartilhar? Bom, esforçar-se para ‘conviver’ é minha sina.
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